METODOLOGIA- Pesquisa em Contabilidade

Pesquisa em Contabildade
A qualidade da pesquisa contábil no Brasil está na agenda atual das Ciências Contábeis. Percebendo o avanço quantitativo de trabalhos na área, especialistas buscam traçar agora diretrizes de qualidade para o setor.
A temática é tratada pela Revista Brasileira de Contabilidade em sua edição de janeiro/fevereiro (nº 169), em reportagem que entrevistou experts da área, gestores de programas de pós-graduação em conceituadas instituições.
O diagnóstico apresentado pelos especialistas é de que a pesquisa contábil vem conhecendo um avanço sensível nos últimos anos em termos de produção, mas que existem pontos falhos dos estudos na área desenvolvidos nos programas de pós-graduação que precisam ser enfrentados.Na matéria, os pesquisadores elencam quais são estes pontos fracos, os chamados "10 pecados" da pesquisa contábil:"
1. O tema do estudo não ser, ao mesmo tempo, importante, viável e original;
2. Não-realização de um inventário de estudos anteriores sobre o tema;
3. Inadequações na elaboração do problema de pesquisa;
4. Estudos que não são 'nem abrangentes', 'nem aprofundados';
5. Fraqueza na sustentação da plataforma teórica do estudo;
6. Uso inadequado das fontes consultadas para desenvolvimento do estudo;
7. Pouca atenção para com os aspectos de confiabilidade e validação;
8. Crença na auto-explicação dos testes estatísticos;
9. Deficiências na enunciação das conclusões de estudo;
10. Pouca diversidade no emprego de concepções teóricas, abordagens metodológicas, técnicas de coleta de dados, informações e evidências." (RBC, jan./fev. 2008, p. 14)
Os pontos arrolados pelos especialistas evidenciam preocupações que devem estar presentes em todas as ciências sociais aplicadas, e não só na Contabilidade. Mas, se tais problemas vêm ocorrendo de forma mais sistemática neste campo, talvez se deva à condição não tão consolidada da pesquisa em Contabilidade no Brasil.
Os programas de pós-graduação são relativamente novos, o número de pesquisadores com titulação na área é pequeno. A ciência contábil precisa, ainda, encontrar seu caminho.Fica evidente, diante dos pontos trazidos pela RBC, a necessidade de que os cursos de graduação enfatizem a formação metodológica de seus alunos.
Estes serão os pesquisadores no futuro. Para que isso ocorra, é preciso estimular a iniciação científica, tornar a produção científica uma realidade na sala de aula.Se faz necessário, para tanto, eliminar a dicotomia entre teoria e prática, como se as duas esferas não fossem integrantes da mesma realidade. E isso só será conseguido quando o ensino em sala de aula aliar as duas dimensões na figura do professor: a docência e a pesquisa. Requer-se aqui uma habilidade do docente não só em transmitir ao aluno os conhecimentos necessários a sua atuação no mercado de trabalho, mas também em socializar o estudante no campo da investigação científica.Neste diapasão, a disciplina de metodologia científica tem um papel muito importante, que é o de sistematizar as práticas de investigação em ciências sociais aplicadas, em pensar o método científico, em formular estratégias no âmbito da investigação. No entanto, tal disciplina não deve ser entendida no curso como um apêndice. Daí, a necessidade dos cursos de ciências sociais aplicadas estimularem a inter e transdisciplinaridade.
A responsabilidade pela qualidade da pesquisa em ciências contábeis não compete apenas aos cursos de pós-graduação. Esta é minha leitura diante dos dados apresentados pela RBC. Todos nós envolvidos com ensino nos cursos de contabilidade precisamos mobilizar esforços nesta direção. Ensino de graduação só se faz bem quando articulado à pesquisa.

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